segunda-feira, 8 de agosto de 2011

[...] Em vez de me mexer, pensei um pouco mais em Julieta..

Imaginei o que ela teria feito se Romeu a deixasse. Não porque fosse proibido, mas por perder o interesse. E se Rosalina lhe tivesse dado atenção e ele mudasse de idéia? E se, em vez de se casar com Julieta, ele simplismente sumisse? Pensei que sabia como Julieta se sentiria. Ela não voltaria para sua antiga vida, não mesmo. Não teria sequer se mudado, disso eu tinha certeza. Mesmo que tivesse vivido até ficar velha e grisalha, cada vez que fechasse os olhos teria sido o rosto de Romeu que veria por trás das pálpebras. No fim das contas, já teria aceitado isso. Imaginei se ela teria se casado com Páris no final, só para agradar os pais, para manter a paz. Não, era provável que não, concluí. Por outro lado, a história não falava muito de Páris. Ele era só um estorvo - um substituto, uma ameaça, um prazo final para forçar a mão dela. E se ele fosse mais do que isso? E se Páris fosse amigo de Julieta? Seu melhor amigo? E se ele fosse o único a quem ela pudesse fazer confidências sobre toda a história arrasadora com Romeu? A única pessoa que a entendia de verdade e a fazia sentir quase humana de novo? E se ele fosse paciente e gentil? E se ele cuidasse dela? E se Julieta soubesse que não podia viver sem ele? E se ele realmente a amasse e quisesse que ela fosse feliz? E... Se ela amasse Páris? Não como Romeu. Nada disso, é claro. Mas o bastante para querer que ele também fosse feliz? Se Romeu tivesse mesmo partido, para nunca mais voltar, teria feito diferença Julieta ter aceitado ou não a oferta de Páris? Talvez ela devesse ter tentado se adaptar aos pedaços de vida que restaram. Talvez fosse o mais perto que ela chegaria da felicidade. Eu estava incluindo informações demais na história. Romeu não mudaria de idéia. É por isso que as pessoas ainda se lembravam do nome dele, sempre em par com o dela: Romeu e Julieta. Por isso era uma boa história. "Julieta leva um fora e fica com Páris " nunca teria sido um sucesso.